
sábado, 25 de julho de 2009
PAIXÃO INCENDIÁRIA

Liberdade de Expressão ou Manipulação de Informação ?

O Decreto Lei 972/69 regulamenta o exercício da profissão de jornalista. Sua criação foi e, ainda é, muito importante, porque determina, de forma detalhada, as características e atribuições da profissão, bem como as condições que satisfazem a prática da mesma.
O que mais nos chamou a atenção na Lei, e que através de pesquisa, constatamos que está sendo discutido desde o ano de 2001, é do que se trata o artigo 4º item V, que determina que o exercício da profissão de jornalista requer diploma de Curso Superior de Jornalismo, oficial ou reconhecido registrado no Ministério de Educação e Cultura ou em instituição por este credenciada.
Acreditamos que este profissional deve ser um mediador da realidade social e não praticar o exercício de sua opinião. E, para ser este mediador, o jornalistal tem de estar munido de bagagem técnica e posicionamento ético, para que a informação possa chegar à sociedade de forma clara, objetiva e imparcial.
O Supremo Tribunal Federal (STF), através de seu ministro Eros Grau, defende a obrigatoriedade do nível superior apenas para as profissões que necessitam de conhecimentos técnicos adequados e que a ausência destes conhecimentos expõem a coletividade a fatores de risco, como, por exemplo, o médico, advogado, engenheiro, farmacêutico etc. Nós gostaríamos de acrescentar que um “jornalista”, desprovido de normas técnicas e éticas adequadas, podem, também, incorrer em grave prejuízo à coletividade ou individuos sim!
Um exemplo do que afirmamos, foi o que ocorreu na Escola Base, em São Paulo, no ano de 1994. O posicionamento de alguns jornalistas ao planejar, organizar, coletar e divulgar informações ou notícias acerca deste caso foi de uma forma que influenciou a sociedade e, talvez, até a própria polícia, para que acreditassem que os donos da escola e alguns funcionários, fossem, realmente, culpados pelas acusações de molestarem sexualmente as crianças da escola.
Depois de algum tempo, o caso foi solucionado e constatou-se a inocência dos acusados. Porém, ficaram sérias seqüelas. Ichshiro Shimada sofreu três enfartes, fuma muito e adquiriu uma fobia grave, tem medo de sair às ruas. Maria Aparecida Shimada faz tratamento psicológico até hoje e mais quatro acusados tiveram que se mudar para o interior de São Paulo. Isto não é causar dano à sociedade ? De que forma as notícias chegarão até nós, se o profissional de jornalismo não mantiver contato e estudo apurado desta estrutura técnica, étnica e moral ?
Nós temos uma opinião formada acerca desta discussão. Acreditamos que os donos de empresas jornalísticas, políticos e alguns setores da sociedade estão interessados em produzir falsos jornalistas, ou seja, marionetes suscetíveis às suas idéias. Profissionais que não terão embasamento para argumentar ou debater pela lógica técnica e étnica a forma de se fazer o recorte da realidade .
O STF deveria estar preocupado é com a absurda concentração, em mãos privadas, da propriedade dos veículos de comunicação. Não deve ser mero acaso. Isso, sim, é impedimento à liberdade de expressão!
Texto Produzido por mim e pelas colegas Carla Silva, Ludimila, Milena Oliveira e Milena Teixeira
Em trabalho proposto pela Profª Monica Celestino Disciplina de Técnicas de Reportagem
Adriana Roque
RACISMO NO BRASIL

quarta-feira, 22 de julho de 2009
O ANJO DA SINALEIRA
Ele não é como os outros anjos. O semblante sério, olhar distante e pensativo, não transmitem ternura e tão pouco pureza. É um ser solitário, que parece não ter sonhos, preso em desilusões e falta de esperanças. No rosto, um ar de ressentimento e amargura. Possui pele negra, cabelos crespos, cheios e escuros. Fronte larga, sobrancelhas grossas, olhos redondos e escuros, nariz um tanto achatado, porém arredondado na ponta. Dentes brancos e lábios finos, que vez por outra exibem um movimento, que para ele é um sorriso. Com aproximadamente 1,70 m de altura, aparentando 38 anos, corpo magro e andar cansado, o Anjo da Sinaleira, limpa os vidros dos carros, que param na sinaleira da Av. Oceânica, em Ondina, próximo a Faculdade Social da Bahia. Na mão direita, veste uma luva de cor encardida (que um dia já foi branca), empunhando uma garrafinha plástica transparente, cheia de água. Na esquerda, usa pedaços de esparadrapos acima dos dedos, protegendo-os das batidas do pára brisa dos carros, durante o uso do rodo pequeno, com esponja na ponta. Por medida de segurança, usa três cones de listras coloridas como sinalizadores de trânsito, para demarcação do seu perímetro de trabalho. Na mesma faixa, guarda uma lata vazia de tinta suvinil, como reservatório de água, para abastecimento de sua garrafinha. Como uniforme, o Anjo da Sinaleira, usa um capote cinza, por dentro de uma camisa de manga curta, na cor laranja, com listras brancas e azuis luminosas, fixas na altura do seu ante braço e tiras largas e removíveis na cor cinza luminoso, entrelaçadas, formando um X no seu peito e costas. Veste calça cinza e sapatos pretos, já bem gastos, em um número maior que o seu. Em dias de muito frio, usa um gorro de lã preto na cabeça. É também inteligente e ousado, pois se utiliza do jardim da Faculdade como depósito, onde guarda suas ferramentas de trabalho, no interior dum toucheiro de palmeiras . Com passos cambaleantes (talvez por causa do peso dos seus sapatos grandes), e ritmados, o Anjo da Sinaleira percorre a faixa de 100 metros, recebendo uns trocados, enquanto limpa os vidros dos carros. Possui ainda uma mania ou talvez seja reflexo do seu nervosismo. Coça, coça o seu quadril o tempo todo, que agonia. “Cuidado moça”, num grunhido rouco nos alerta ao atravessar a pista. “Pode vim moça”, grita com impaciência, e gesticula com a mão nos chamando, diante do nosso medo de passar na frente dos carros. E é neste momento que ele é o Anjo da Sinaleira.
Adriana Roque dos Anjos Estudante de Jornalismo-FSBA
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