"Transformar pela escrita..."

"Transformar pela escrita..."
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." (Nelson Mandela)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SANTA ETNIA

Gostaria de aproveitar esta época de festas, Natal, Ano Novo, quando as pessoas se enchem de esperança e desejo de novas conquistas e realizações, para falar sobre um assunto que há muito me incomoda. É sobre estas fantasias sobre a etnia dos santos. As imagens, pinturas e formas de se pensar em Jesus Cristo, por exemplo. Sim, a figura física de Jesus. Na verdade sei que isso não é relevante. Para mim tanto faz se ele foi branco, amarelo ou negro. O que realmente importa é a mensagem e exemplo de fé e esperança que nos trouxe e que até hoje nos transmite.

O que quero criticar aqui é o modelo clássico e repetitivo de transformar tudo o que poderia ser diferente, numa mesmice que contagia a todos. Por que temos que pensar num Jesus branco, de olhos azuis ou verdes, cabelo liso da cor do ouro? Por que não pensar em um Jesus de pele negra, mas condizente com o povo do lugar onde ele nasceu? Sei que sua bondade e senso de justiça nos faz pensar num semblante carinhoso e afável. Mas onde está escrito que o possuidor de uma pele negra, não pode ser visualizado dessa maneira? Porque sempre temos que associar a cor escura a algo ruim? “A coisa tá preta”, não é assim que dizemos quando estamos numa fase ruim? Onde será que aprendemos isso?

Nelson Mandela um ser forte, destemido, lutador por ideais de igualdade contra o apartheid, Mahatma Gandhy um homem sábio que lutou pela liberdade da Índia sem armas, Sócrates que foi um filósofo que vivia de maneira humilde, andava descalço, pregando pelas praças sem se preocupar com seus trajes, seu método consistia em fazer questionamentos que conduziam o discípulo à descoberta da verdade por sí mesmo. Todos de raças diferentes, mas com o desejo de justiça, verdade e igualdade em comum. Se Jesus pregava o amor ao próximo como a sí mesmo, certamente isso incluía todas as raças. A “capa” não importa. A túnica nupcial da qual Jesus pregava para entrar no reino dos céus, referia-se ao interior das pessoas, seus sentimentos e pensamentos, não a cor da sua pele, dos seus cabelos ou da sua roupa.

Alguns dias atrás assisti ao filme Milagre em Juazeiro do diretor Wolney Oliveira. Chamou minha atenção as cenas baseadas em fatos reais que descrevem o que ocorreu com a beata Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, conhecida como Maria de Araújo. Toda vez que Padre Cícero lhe ministrava a comunhão, a hóstia se transformava em sangue na boca da beata. A igreja pesquisou o ocorrido e “condenou” o milagre. A beata foi afastada, não sem antes ter sido torturada, na Casa de Caridade do Crato, com 12 pancadas de palmatória. Até hoje, depois da sua morte, não se sabe onde estão guardados os restos mortais da mesma pois em 1930, sua sepultura construída na Igreja do Socorro, foi destruída sendo retirados de lá seus restos mortais com paradeiro ignorado. Não posso deixar de ressaltar que a referida beata era negra, pobre e analfabeta. E se não fosse mulher talvez tudo fosso diferente.

Não quero com isso criticar nenhuma religião. Tive bases no catolicismo e há dez anos estudo a doutrina espírita, tomando o exemplo de Allan Kardec, procuro pesquisar, questionar, sempre tendo em mente a máxima: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade”, constante no Evangelho Segundo o Espiritismo. Apoio e defendo o que disse Nelson Mandela: "A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo."

Seria muito bom, se fizéssemos um questionamento sobre esta santa etnia . Quando me deparo com pessoas gentis, caridosas e carinhosas, com certeza não me dou conta da cor da pele que as mesmas possuem. E você?




Nenhum comentário:

Postar um comentário